Vamo-nos
embora pra Pasárgada? Se no silêncio avassalador a solidão consome a alma, lá
somos amigos do Rei. Vai dizer que não sabe onde fica Pasárgada? Não tem
problema. A cidade é sempre perto - em páginas que quando não lidas apodrecem à
toa.
Uns
tomam éter, outros cocaína, mas aqueles que já tomaram tristeza, hoje, leem
Manuel Bandeira - O poeta que entendeu a vida inteira que poderia ter sido e
que não foi. Não entendeu nada? Não tem problema, os versos dançam, eles falam
através dos signos, mas também falam através da sonoridade. E quanto mais se
lê, mais se entende. Poemas não são comerciais que trazer o problema e a
solução, eles trazem vida, vida e as vezes canção. As palavras tem esse poder,
principalmente as desconhecidas, elas falam com o desconhecido dentro de nós.
Ou vai
me dizer que tu, também, não foste alimentado pelo café-com-pão banderiano? Não
terás, na mais tenra infância, repetido versos sobre um trem de ferro em algum
mágico castelo? Não sabe pra que serve poesia, além de ocupar espaço nas aulas
de literatura? Eu sei, é complicado, poesia serve pra tudo e pra nada. Poesia
não aplica a fome, apesar de alimentar a alma, ela não muda o mundo, apesar de
instigar mudança, ler não é viver, apesar da leitura possíbilitar uma nova
forma de existir.
Belo
belo minha bela, se queres falar de amor, fale de Teresa, Antônia, Teodora,
fale da vulgívaga, falemos pois, da amada que envelheceu sem maldade.Se queres
uma revolução, eu também, quero beber e cantar asneiras, pois estou farto do
lirismo comedido. E se precisar se despedir, não esqueça de "À Mario de
Andradre Ausente".
Manuel
Bandeira, portanto, transforma em poesia tragédias brasileiras, e em oração as
lágrimas das mães que perderam seus meninos. Os poemas estão vivos, ainda que o
poeta esteja morto. E suas palavras as vezes de filho, outras de amante, e
quase sempre de amigo acalentarão as lágrimas de quem chora de desalento... de
desencanto ou no ritmo da Jazz Band.
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