quarta-feira, 26 de outubro de 2016

O tempo pode mudar você?

                Você acorda, toma banho, escova os dentes, penteia os cabelos, você pensa nas coisas que tem que fazer e nas que conseguirá, você levanta da mesa e segue em frente. No ponto a conversa, antes usual, hoje é sufocada pela luz das telas, as pessoas não se falam pois elas preferem falar com o espelho, que hoje é editável, é portátil... é o Instagram.
                Ao entrar no ônibus você sorri e cumprimenta o cobrador e o motorista, eles não estão alheios, eles sorriem, cumprimentam e seguem com o trabalho. Nos dias em que o valor de uma  vida pode ser medido pelas quantidades de compartilhamento de um vídeo, você tenta não participar do espetáculo. Você se agarra aos pequenos momentos.
                Na TV da lanchonete, falam sobre o trânsito e um acelerador de partículas. Einstein estaria satisfeitíssimo. A mecânica e a física agradecem. Porém, parece que o resto das pessoas esqueceu o poder de um bom dia ou de um obrigado. Elas não olham para as garçonetes, elas apenas seguem em frente.
                 Estarão eles tão acostumados com máquinas, que tratarão a todos tal como as tratam? O valor está no que pode ser útil. Quem decidiu, que aqueles sem utilidade não merecem atenção? Quem definiu o que é utilidade? Quem ignorará, agora, as vidas consumidas, de Bauman?
                Todos querem tanto, querem o melhor filtro para fotos, as melhores roupas, as melhores relações, as maiores aventuras. Conhecer o universo, o futuro e o passado. Tanto pra quê? Os melhores filtros para pintar a realidade? As melhores roupas para ficarem no guarda-roupas?  As maiores aventuras para contar para desconhecidos em plataformas online?

                 Bowie costumava cantar: Time may change me, but I can't trace time. Será, e se for até que grau? Vivemos em uma época de florescer tecnológico, mas de que serve a tecnologia, senão para servir os homens? Você acorda, o mundo mudou tão rápido, você também mudou, mas o valor ainda está no seu sorriso.

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