Você
acorda, toma banho, escova os dentes, penteia os cabelos, você pensa nas coisas
que tem que fazer e nas que conseguirá, você levanta da mesa e segue em frente.
No ponto a conversa, antes usual, hoje é sufocada pela luz das telas, as pessoas
não se falam pois elas preferem falar com o espelho, que hoje é editável, é
portátil... é o Instagram.
Ao
entrar no ônibus você sorri e cumprimenta o cobrador e o motorista, eles não
estão alheios, eles sorriem, cumprimentam e seguem com o trabalho. Nos dias em que
o valor de uma vida pode ser medido
pelas quantidades de compartilhamento de um vídeo, você tenta não participar do
espetáculo. Você se agarra aos pequenos momentos.
Na TV
da lanchonete, falam sobre o trânsito e um acelerador de partículas. Einstein estaria
satisfeitíssimo. A mecânica e a física agradecem. Porém, parece que o resto das
pessoas esqueceu o poder de um bom dia ou de um obrigado. Elas não olham para
as garçonetes, elas apenas seguem em frente.
Estarão eles tão acostumados com máquinas, que
tratarão a todos tal como as tratam? O valor está no que pode ser útil. Quem
decidiu, que aqueles sem utilidade não merecem atenção? Quem definiu o que é
utilidade? Quem ignorará, agora, as vidas consumidas, de Bauman?
Todos
querem tanto, querem o melhor filtro para fotos, as melhores roupas, as
melhores relações, as maiores aventuras. Conhecer o universo, o futuro e o
passado. Tanto pra quê? Os melhores filtros para pintar a realidade? As
melhores roupas para ficarem no guarda-roupas? As maiores aventuras para contar para
desconhecidos em plataformas online?
Bowie costumava cantar: Time may change me,
but I can't trace time. Será, e se for até que grau? Vivemos em uma época de
florescer tecnológico, mas de que serve a tecnologia, senão para servir os
homens? Você acorda, o mundo mudou tão rápido, você também mudou, mas o valor
ainda está no seu sorriso.
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