quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Luta: Substantivo Feminino.



                Conhecido também como o dia que durou 21 anos, a ditadura militar brasileira colocou os direitos humanos e a democracia em segundo plano. Trinta anos após seu término, o Brasil ainda tenta entender suas motivações, efeitos e dar voz a aqueles que tiveram seus direitos violados. Luta: Substantivo Feminino, aparece nesse contexto, narrando a história de quase 50 mulheres que lutaram direta ou indiretamente pela volta da democracia.
                Com ótima introdução de Nilcéa Freire, então ministra da secretária de Políticas Públicas Para Mulheres, o livro informa e conscientiza. A organização impecável, traz introdução, contextualização, um acervo significativo de fotos da época, perfis das presas políticas, depoimentos exclusivos, e guias informativas sobre movimentos sociais, locais e momentos históricos.
                Entre os melhores momentos do livro encontram-se os relatos Yara Spadini e de Rose Nogueira, ambas sobreviveram a tortura policial, apesar de terem tido experiências diferentes. Indiferente da personagem ou do ocorrido todas as situações são relatadas com respeito necessário as vítimas, e a humanização possível aos torturadores que representavam naqueles momentos uma instituição, um governo e uma ideologia.

                Luta: Substantivo Feminino, surgiu da necessidade de reconhecimento da violência institucionalizada pelo governo ditatorial e propagada pela polícia, faz parte de um grupo de ações em favor do ‘direito à memória e à verdade’. Mas muito além de projetos governamentais, a publicação provoca reflexão, e traz o rosto e a história de pessoas que de outra forma seriam apenas números, devolve a história e identidade de brasileiras que tiveram seus direitos, corpos e identidades apagadas da história brasileira.

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