quarta-feira, 7 de setembro de 2016

A Moradora de Wildfell Hall

Raissa Ferreira




                A obra composta por Annie Bronte no século 19, é ainda hoje relevante do ponto de vista sociológico e estilístico. A história da idealista jovem religiosa que se casa com um boêmio jovem alcoólatra continua a encantar pela veracidade e critica social.
                Numa Inglaterra onde os valores antropocêntricos combatem o fanatismo religioso, encontramos um jovem casal que vivencia em suas experiências conjugais embates filosóficos e éticos, e que ao mesmo tempo que nos entretém, questionam nossa visão sobre o mundo.
                Helen uma jovem religiosa, porém idealista, recusa-se a casar com um homem 20 anos mais velho que ela, pois não o ama.  Contrariando a vontade familiar se casa com Arthur um jovem boêmio e ateu.  Se no século 21 ainda enfrentamos guerras em função de diferenças ideológicas  - imagine então, em pleno século 19?
                Se do ponto de vista ideológico poderíamos analisar esse embate de crenças, a questão de gênero norteia a obra através de diversas críticas sobre a posição da mulher na sociedade e seus direitos - ou a falta deles. Vale lembrar que o a mulher na época ainda não tinha uma identidade social ou direitos como individuo.
                Encontramos no livro um embate, entre o certo e o errado, o saber de ontem e o de hoje, e a mulher tentando sobreviver nessa sociedade hostil às suas necessidades mais básicas. Helen é uma protagonista forte, corajosa, decidida e religiosa, se devido sua imaturidade e fé em alguns momentos ela age de forma tola e impensada, sua coragem e força de caráter são determinantes para o enfrentamento dos problemas de ser uma mulher casada no século 19.
                O livro debate alguns pontos importantes sobre o direito da mulher, ao questionar a limitação de ser mulher em uma sociedade onde ela não tem renda, não pode administrar seus bens, não é bem vista pela sociedade se morar sozinha, e é impedida socialmente de trabalhar. Numa situação político-social como esta não é difícil de compreender a dependência de Helen tinham por Arthur, dependência financeira, psicológica e até social, que ainda hoje muitas mulheres vivem.

                A escrita em prosa é utilizada para criação de uma obra honesta e atemporal, obra essa antecessora de outras obras que falariam da situação da mulher na sociedade como Madame Bovary, Políticas Sexuais, e o  Segundo Sexo. Aos preguiçosos, vale lembrar: A BBC já fez dois filmes baseados na trama e esses podem ser baixados facilmente. Dois séculos depois o mundo mudou, mas muitos dos problemas enfrentados pela mulher continuam sendo os mesmos.

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