Raissa Ferreira
A obra
composta por Annie Bronte no século 19, é ainda hoje relevante do ponto de
vista sociológico e estilístico. A história da idealista jovem religiosa que se
casa com um boêmio jovem alcoólatra continua a encantar pela veracidade e
critica social.
Numa
Inglaterra onde os valores antropocêntricos combatem o fanatismo religioso,
encontramos um jovem casal que vivencia em suas experiências conjugais embates
filosóficos e éticos, e que ao mesmo tempo que nos entretém, questionam nossa
visão sobre o mundo.
Helen
uma jovem religiosa, porém idealista, recusa-se a casar com um homem 20 anos
mais velho que ela, pois não o ama. Contrariando
a vontade familiar se casa com Arthur um jovem boêmio e ateu. Se no século 21 ainda enfrentamos guerras em
função de diferenças ideológicas - imagine
então, em pleno século 19?
Se do
ponto de vista ideológico poderíamos analisar esse embate de crenças, a questão
de gênero norteia a obra através de diversas críticas sobre a posição da mulher
na sociedade e seus direitos - ou a falta deles. Vale lembrar que o a mulher na
época ainda não tinha uma identidade social ou direitos como individuo.
Encontramos
no livro um embate, entre o certo e o errado, o saber de ontem e o de hoje, e a
mulher tentando sobreviver nessa sociedade hostil às suas necessidades mais
básicas. Helen é uma protagonista forte, corajosa, decidida e religiosa, se
devido sua imaturidade e fé em alguns momentos ela age de forma tola e
impensada, sua coragem e força de caráter são determinantes para o
enfrentamento dos problemas de ser uma mulher casada no século 19.
O livro
debate alguns pontos importantes sobre o direito da mulher, ao questionar a
limitação de ser mulher em uma sociedade onde ela não tem renda, não pode
administrar seus bens, não é bem vista pela sociedade se morar sozinha, e é
impedida socialmente de trabalhar. Numa situação político-social como esta não
é difícil de compreender a dependência de Helen tinham por Arthur, dependência
financeira, psicológica e até social, que ainda hoje muitas mulheres vivem.
A
escrita em prosa é utilizada para criação de uma obra honesta e atemporal, obra
essa antecessora de outras obras que falariam da situação da mulher na
sociedade como Madame Bovary, Políticas Sexuais, e o Segundo Sexo. Aos preguiçosos, vale lembrar:
A BBC já fez dois filmes baseados na trama e esses podem ser baixados
facilmente. Dois séculos depois o mundo mudou, mas muitos dos problemas enfrentados
pela mulher continuam sendo os mesmos.
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